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segunda-feira, 30 de abril de 2012

11 anos


Tinha 10 anos. Lembro.me daquele dia como se tivesse sido ontem. Lembro.me do sentimento de perda, da incompreensão. Ainda o sinto, embora mais conformada, mas ainda o sinto. Lembro.me do telefonema do meu pai para casa à procura da minha mãe. Vi logo que alguma coisa se tinha passado. Lembro.me de chorar até adormecer e de ouvir as pessoas a falar na sala. Lembro.me de perguntar porquê a nós. Porquê daquela maneira e naquela altura, porque a mim, tudo parecia muito bem. Tinha passado o fim de semana na casa dela e durante a semana caiu a bomba no meio da minha família. Hoje penso em tudo o que ela perdeu. O meu crescimento e do meu irmão. O casamento do meu tio, os meus três primos. Tudo o que já aconteceu nestes 11 anos. O meu primeiro namorado, o ir para o liceu, o entrar para a faculdade, as praxes, as bebedeiras, o tirar a carta. Tanta coisa aconteceu e ela não esteve cá para ver, para apoiar, para viver. Tenho saudades, muitas saudades. Quando estou triste penso nisto tudo e ainda fico mais triste. Porquê a nós e porquê daquela maneira? São perguntas às quais eu nunca vou ter resposta, mas são também perguntas que eu nunca vou conseguir esquecer. Porque só ela sabia os motivos que a levaram a fazer o que fez, só ela sabia o quão mal se sentia para chegar a tamanho estado de desespero. Porque para mim, só quem está num estado de desespero atroz comete o suicídio. São coisas que doem, custam muito. Mas são coisas que fazem parte da vida. São coisas com as quais temos de conviver e aceitar, bem ou mal. Tenho tantas, tantas saudades tuas avó. Fazes tanta falta e fizeste tanta falta durante estas 11 anos. Para sempre!

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